Serve este blog para duas coisas, uma apresentar um blog que se apresenta assim:
Notas sobre a Educação Superior em Portugal, mas não só. Também outras conversas a propósito ou a despropósito, frequentemente com evocações da origem açoriana.
http://professorices.blogspot.com/A outra para escrever, apresentar e refletir um pouco sobre uma notícia no Público de hoje: "Escolas devem ter maior responsabilidade na selecção dos professores", isto segundo um estudo da OCDE.
Sabemos que é fulcral para cada empresa a seleção de funcionários. Não basta terem boas referências, ou virem de bons estabelecimentos de ensino. Facilmente podemos falhar na escolha de um funcionário. E às vezes um funcionário pode fazer a diferença toda!
O que dizer da escola portuguesa? Escolhemos os professores tendo em conta a nota de final de curso + os anos de serviço. E então?
Tive excelentes professores, alguns novos, com menos de 10 anos de licenciatura em cima, que muito me ensinaram e me continuam a servir de exemplo. Tive outros que só me faziam pesar em fugir, em ignorar a palavra pedagogia, e muitos desses já estão colados ao sistema há muitos anos.
A OCDE acredita que é necessário uma interacção mais próxima entre os estabeelcimentos de ensino e os candidatos.
Seria benéfico que o estabelecimento de ensino conhecesse os seus alunos, de modo a procurar professores com as características certas para leccionar a estes educandos. Deveria haver uma ligação entre a necessidade da escola e o perfil do candidato.
Ser aluno é diferente de ser professor! Quantos alunos são excelentes, mas dão professores inúteis?Quantos? Ser bom aluno não implica ser bom professor. Há muitos factores em causa para isto ser assim, mas penso que não vale a pena falar muito, pelo menos agora.
A OCDE constata que muitos professores continuam a sê-lo não pela sua qualidade ou capacidade, mas porque estão lá. Têm anos de serviço, têm nota, vão ficando! Parece-me pertinente a ligação com a Administração Pública, vai-se ganhando mais um xis ao final do mês não por ser um bom funcionário, mas por ser um fóssil!!!
O artigo diz algo que me parece extremamente importante " o sistema funciona melhor se a segurança no emprego docente for garantida pelo facto de se estar a fazer um bom trabalho - e não por determinações legislativas." "O entusiasmo, o empenho a sensibilidade às necessidades dos estudantes" é mais importante do que a tradicional ênfase nas habilitações e anos de serviço.
Parece-me importante pensar a futuro prazo o papel do professor, tive algumas experiências (muitas na faculdade) traumáticas. Pessoas que em Cultura Portuguesa me deram Freud, por serem psicanalistas, sem sequer estabelecerem alguma ligação com a cadeira que lecionavam.
Tive outros casos assim, tive uma professora que leu na aula, INTEGRALMENTE, na aula obras como (e são só alguns exemplos): Os Lusíadas, A Peregrinação, entre outros. Lembro-me dos comentários dela acerca dos primeiros versos da nossa epopeia. "As armas e os barões, estão a ver né? São as armas e os barões! A ocidental praia lusitana é a...ocidental praia lusitana. Pralém da Taprobana quer dizer que foram para além e não pra cá!" Como é fácil de imaginar fugi a sete pés e só apareci lá nos testes. Sinal de que fui um mau aluno? Ou foi outro o factor?
Pensemos nisto. Podia dar mais exemplos, talvez daqui para a frente.