24.03.05
Revia esta semana, com a minha namorada, pela enésima vez (não confundir com Onésima vez) O Dia Depois de Amanhã, comentava ela que os lobos estavam muito mal feitos, não chegavam a ser verosímeis. Rematava eu com a ausência de fundos monetários para tal efeito, tinham sido todos gastos com a saraivada, a neva, as ondas gigantes, etc.
Ontem à noite coloquei O Exorcista - O Princípio, no leitor de DVDs. Comecei a vê-lo, mas não resisti a ir para a cama depois de umas quantas hienas terem estraçalhado um miúdo.
Ainda estou para ver em que é que o dinheiro foi gasto neste filme, é que podiam ao menos ter aproveitado os lobos do outro!
publicado por wherewego às 10:50
Raros são os livros que releio ( a meu ver é algo deste género, se tenho tanta coisa para ler e conhecer porque perder tempo a ler coisas que já li?), mas cada livro tem uma vida própria. Há aqueles que são difíceis e só depois de muitas tentativas é que entramos na engrenagem (esta semana estou a ler e a gostar bastante dum livro que já tentara ler pelo menos umas 3 vezes, esta semana consegui! Já agora falo do Mário de Carvalho - Era Bom que Trocássemos umas Ideias sobre O Assunto), há outros que se dispõem a ser devorados em menos de nada, há depois uns estranhos que nos fazem parar o ritmo, em que parece uma pena acabar com ele. Há livros que são uma experiência traumatizante, por um lado queremos lê-lo por outro não queremos que a leitura acabe.
Estou a ler o 2º volume dos Retalhos da Vida de um Médico do Fernando Namora. Não sei em que grupo o coloque.
Estou a gostar bem mais do que do 1º volume. É mais pessoal, é mais humano, é mais estupidamente ridículo porque se apoia na experiência humana, na observação da humanidade. Tem sido bom rir, chorar, ficar afrontado com um autor não contemporãneo. Volto a colocar a minha "fé" na literatura, acho que já estou a perceber o que os professores de Teoria queriam dizer com pensar o mundo, com Namora consigo pensar um Portugal já passado, mas ainda com alguns pontos de contacto com o nosso. Resquícios?
publicado por wherewego às 10:40
Embora sinta o sol nas pernas, treme de frio. Tem demasiado frio. Passa as mãos pelas pernas tentando aquecê-las, mas sem resultado.
Os pensamentos acorrem-lhe sem grande conexão. Nervoso por estar longe da família, nervoso por hábito, nervoso por patologia, os pensamentos acorrem-lhe sem grande conexão devido ao nervosismo instalado no seu interior. Apetece-lhe gritar, mas ainda guarda um pouco da timidez e educação de outrora. Perante estranhos fecha-se, e ainda mantém um pouco de calma e compreensão da situação para se recusar a fazer figura de tonto à frente de tantos estranhos.
Lembra-se dum chocolate. Quando fez…anos, não se lembra quantos. Lembra-se do chocolate, somente.
Eram um prazer e uma tortura. Tinham direito a uma vez por ano a um chocolate, quando faziam anos. Mas a prenda era dada em público, o que fazia com que todos os outros olhassem gulosa e nervosamente para o doce.
Comeu-o. Nunca nenhum dos irmão dera um pouco aos outros. O chocolate não era assim tão grande, a vez do outro viria. Era uma prenda e uma oportunidade para se sentir único.
Lembra-se que foi a mãe que lhe deu o chocolate. O pai estava no café, dera-lhe os parabéns timidamente. A mãe, baixinha, seca, com um sorriso sincero deu-lhe um beijo na testa e deu-lhe o doce.
O filho acompanhou-o à consulta.
Sente-se meio perdido no meio de tantos papéis. O médico aprecia-os com um ar grave.
Olha-o nos olhos e diz-lhe que sofre de duas doenças degenerativas.
Abana a cabeça, triste, sem perceber o que são doenças degenerativas. Mas a palavra doenças começa a fazer estragos na cabeça e sistema nervoso. Já não olha para o homem que está à sua frente. Olha para dentro. Sente-se ficar maldisposto. Começa a imaginar coisas.
Vê o doutor entregar um cartão ao filho.
Chamam-no para o almoço. Nervosamente pergunta se há chocolate. A enfermeira diz-lhe que hoje é peixe, mas que se poderá arranjar qualquer coisa depois do almoço. Chocolate.
Chocolate é naquilo que pensa e pede durante toda a tarde. Chocolate. Trazem-lhe uma tablete.
Olha e não reconhece o que tem na mão. Não era deste que comia.
Queria chocolate mas não deste.
Queria…
publicado por wherewego às 10:39
Ontem vi uma sequela, por sinal bem melhor, na minha humilde opinião, do que o original.
E dei comigo a pensar que normalmente no primeiro filme a menina é a princesa e tudo se faz para que o herói fique com ela, o azar é se o filme tem sucesso. É que se for o caso, muitas vezes a menina torna-se carne para canhão.
Exemplos? Indiana Jones (é uma nova a cada filme), Bourne Identity e Supremacy, Aliens (não é uma menina, mas os coadjuvantes servem como exemplo), Fast and Furious, e fiquemos por aqui.
São as volatilidades próprias do tempo em que vivemos, da decadência dos relacionamentos, das alterações de Scripts e dos aumentos dos Cachets.
publicado por wherewego às 10:32