09.06.06
Salvemos a próxima geração

Preocupo-me com os futuros pastores. Quase diariamente recebo pedidos de socorro de seminaristas já confusos antes de começarem suas atividades ministeriais. Não conseguem se encaixar nos modelos mais populares de serviço cristão, não sabem quais sendas trilharão.O contexto oferece poucas opções ao jovem pastor. Caso pertença a uma grande denominação, pode ambicionar as estruturas de poder. Sabendo manter-se politicamente correto, conquistará estabilidade financeira. Se for de uma denominação pequena, se lançará numa feira livre religiosa. O mercado religioso é inclemente; nele impera a máxima “quem não tem competência não se estabelece”. Sem o amparo de uma grande denominação, terá de fazer sua igreja acontecer valendo-se de carisma e empreendedorismo. Lamentavelmente, muitos sucumbem, partindo para a manipulação inescrupulosa do sagrado; outros se concentram em estratégias de marketing, e há os que importam modelos de igrejas estrangeiras bem-sucedidas.Cabe aos seminários o desafio de nortear futuros pastores; reitores e professores precisam questionar seus modelos; e mais: discutir os propósitos do ensino e saber se respondem aos desafios da seara.Atrevo-me a oferecer algumas recomendações aos docentes que formam novos ministros.Aconselho que alguns livros passem a ser obrigatórios. Quem lê romance capta, mesmo em narrativas fictícias, a imensidão humana. Para se inteirar da cultura brasileira, todo aluno deveria ler O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Fogo Morto, de José Lins do Rego; para conhecer as raízes da pátria, recomendo O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Todos colariam grau apreciando Machado de Assis e seu “Eclesiastes”: Memórias Póstumas de Brás Cubas.As grades curriculares deveriam incluir poesia. Cada seminarista aprenderia a esboçar alguns poemas, para não se contentar em apregoar a verdade, mas enaltecê-la com graça. Um poeta não se satisfaz em ser coerente; quer dar ritmo e formosura à sua fala. O pastor não deve buscar incutir em suas ovelhas apenas valores morais, intelectuais e espirituais. Ele deve suscitar admiração e espanto diante da majestade divina. Sugiro que os professores omitam o nome dos grandes poetas. Sem preconceitos, seus estudantes aprenderiam a gostar de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Adélia Prado e outros.Aconselho o retorno da meditação bíblica, de aulas em que se leriam as Escrituras em silêncio. Aulas com o objetivo de inocular nos alunos o amor pela Palavra sem terem de tirar verdades práticas para um próximo sermão. Eles descobririam a riqueza de aquietar a alma e ouvir a inaudível bruma com a voz do Espírito Santo. Os professores incentivariam que suas classes se familiarizassem com os pais do deserto. Aconteceria uma revolução, pois teríamos preces menos utilitárias e jejuns sem tentar coagir a Deus.Sugiro que os seminaristas façam estágio em três instituições: Hospital Infantil do Câncer, Associação de Paralisia Cerebral do Brasil e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A única exigência seria que não se envolvessem com burocracias, mas estivessem em contato com as crianças. Depois, os professores pediriam uma monografia sobre cura divina. Há pouco, ouvi um pastor prometer que todos seriam curados de suas doenças. Abismei-me com sua inconseqüência. Ele provavelmente nunca conviveu com pais que lutam com deficiências genéticas.Outra idéia, é que se exija dos alunos não viverem em países do Primeiro Mundo sem antes morarem, por pelo menos dois anos, em regiões de extrema pobreza. Sugiro que se mudem para comunidades ribeirinhas do Amazonas, Sertão Nordestino ou favelas de alguma metrópole. Se alguém se sentisse vocacionado para missões transculturais, antes se obrigaria a morar em um país africano, trabalhando em alguma clínica pública para aidéticos ou num campo de refugiados de guerra. Acredito que essa medida estancaria o enorme fluxo dos que desejam emigrar para países mais abastados alegando um chamado divino.O cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo já não se interessa pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas. Existe um fastio quanto a dogmatismos — ideológicos ou religiosos. O anseio é por coerência entre discurso e vida.Importa que líderes cristãos encarnem sua humanidade. Em um mundo sem ternura, precisam-se de homens solidários. Numa época em que a vida perdeu seu valor, necessitam-se de pastores que amem a justiça. Jesus nunca almejou fundar uma igreja liderada por técnicos desprovidos de alma. Ele jamais vislumbrou seu corpo resumido a auditórios lotados, e jamais aceitaria discípulos parecidos com aqueles que conspiraram sua morte.Os seminários não podem resignar-se a gerar profissionais da religião, mas servos que vivam a fé de maneira íntegra, solidária e justa. Se quisermos salvar a próxima geração de pastores, uma nova reforma precisa acontecer imediatamente. E que comece pelos seminários.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
publicado por wherewego às 22:33

08.06.06
Mais do que o sentido "em" que o in inglês traz o Rock in Lisboa é isso mesmo, é in, está na moda.
O Rock in Lisboa é vendido não como um simples festival de música, onde as pessoas vão ver uns concertos, beber, comer, divertir-se e fumar umas substâncias ilegais, o Rock in Lisboa também é caridade, ajuda a desenvolver o 3º mundo e a ajudar quem tem mais dificuldades.
E muito vão (uh uh) para ajudar este projecto, a realidade é que estamos mais predispostos a ajudar os outros quando somos caridosos para connosco, com proveito próprio de valor acrescentado. Ajudar os outros perdendo ou dando algo de nós mesmos já não está na moda, ao contrário do Rock in!
publicado por wherewego às 09:39

Eu teria cuidado com o uso prolongado e convicto de detergentes para a roupa à venda em Portugal.
Nos últimos tempos tem sido assustador o número de calças e T-shirts que têm encolhido por essas ruas fora.
publicado por wherewego às 09:36

07.06.06
Ainda não se fartaram?
Selecção para aqui e para ali, é na rádio, nos jornais, na televisão, nas varandas, nos cafés, nos hipermercados...soa a pandemia generalizada, mas ninguém trata esta febre pelo termo médico.
Mas enfim, se os rapazes ganharem ou chegarem mais ou menos longe, a gente perdoa-lhes, afinal eles são o nosso orgulho, mesmo quando não ligam nenhuma aos adeptos que se esfalfam (financeiramente, também) para lhes darem o seu apoio, quando o selecionador só responde quando se sente satisfeito ou quando as perguntas lhe agradam, eles são sempre o nosso orgulho!
De que vale ser do contra onde a selecção vale mais que a honra da nossa mãe? Onde a equipa do selecionador faz o que quer à noite e nada tem a ver com isso, onde ainda nem chegaram as discussões sobre os prémios de jogo, mas quem paga a um selecionador destes paga bem um primeiro lugar no Campeonato do Mundo.
Desde que joguem bem e o selecionador não faça mais borrada...
É já no Domingo!
publicado por wherewego às 14:49

No Da Literatura, sobre o poder da crítica literária e do espaço em que ela se faz.
publicado por wherewego às 14:48

06.06.06
Para os que dizem que hoje é dia da Besta (o tal 06 do 06 e ignoremos o 20, do 06) o dia at+e tem corrido bem, pelo menos ainda não me deparei com mais bestas do que o normal.
publicado por wherewego às 15:15

05.06.06
The usual array of arguments marshaled to support or hinder immigration tends toward the abstract. The arguments often obscure rather than clarify. It's helpful to remember who we are talking about when we discuss "undocumented workers."
We're talking about people like Maria. Daniel Groody, immigration scholar, author, and Catholic priest, tells Maria's story like this:
"I remember meeting Maria, who came north from Guatemala and wanted to work in the United States for only two years, then return home to her family. I met her on the Mexican side of the border just before her third attempt. In the previous 10 days, she had tried twice to cross the border through a remote route in southern Arizona. On her first attempt, she was mugged at the border by bandito gangs. Though bruised and beaten, she continued her journey through the desert and ran out of food. Just before she reached the road, she was apprehended by the U.S. Border Patrol and put in an immigration detention center. A few days later she tried again. This time, her coyote smuggler tried to rape her, but she managed to free herself and push her way through the desert once again. After four days of walking, she ran out of food, water, and even strength. The border patrol found her, helped her, and then sent her back to Mexico."
We suspect that they are also people of deep Christian faith in many cases.
Groody continues his story about Maria:
"I was curious about how Maria dealt with these trials before God. 'If you had 15 minutes to speak to God,' I asked her, 'what would you say?' I thought she would give him a long litany of complaints. Instead, she told me, 'I do not have 15 minutes to speak to God. I am always conversing with him, and I feel his presence with me always. Yet if I saw God face to face, the first thing I would do is thank him, because God has been so good to me and has blessed me so abundantly.'"
Podem ler o artigo completo aqui.
publicado por wherewego às 09:43

Se quero datas acerca de Rússia do séc. XIX recorro aos manuais de História, porém, se quero a verdade sobre aquela época, então socorro-me de Tolstoi, Chéjov, Turguénev, de Gogol. (...)
O historiador dá-nos conta dos factos, o novelista chega ao fundo dos sentimentos.
publicado por wherewego às 09:34

Se fosse possível um ser humano nascer de um jumento montês,
assim também poderia um ser humano
produzir sabedoria
publicado por wherewego às 09:32

02.06.06

Ainda vou a meio, mas...
Não resisto aos policiais de H. Mankell. Tenho-os todos, pelo menos os editados em português e inglês.
Este é o primeiro de uma série de romances focados na filha de Kurt Wallander, Linda, e ajudada por uma personagem que já apareceu num romance anterior, Stefan Lindman (The Return of the Dancing Master). Mas não se inquietem, Kurt não morreu, nem é tão dispensado da acção quanto isso. É, aliás, extremamente interessante ver o que Linda acha do pai, depois de andarmos 8 livros dentro da cabeça de Kurt é uma lufada de ar fresco e ao mesmo tempo uma boa surpresa vê-lo/lê-lo por outro prisma.
Não dispenso Mankell pelas torpelias e viragens do argumento, pela espectacularidade dos crimes (que tem) mas pela capacidade de descrever personagens humanos. Falamos de literatura, mas falamos de personagens quase a 3-d, não são criações duma mente, são adaptações para o papel dos nossos medos, inquietações, vícios, relacionamentos, etc.
Before the Frost fala-nos das seitas e de quem as dirige, do relacionamento entre pais e filhos, da vida na Suécia, de Yistad, do clã Wallander.
Voltarei a este livro mais tarde, deixem-me acabá-lo primeiro.
Abraço
e
beijokas
publicado por wherewego às 20:29

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