Optámos pelo último, era meia hora mais tarde.
Deja vu é o mais recente filme de Tony Scott, irmão de Ridley Scott e realizador de Homem em Fúria (também com Denzel Washington), Jogo de Espiões, Dias de Tempestade e Top Gun, só para mencionar alguns.
O filme descreve-se com alguma facilidade e, ao mesmo tempo, dificuldade.
Assistimos a um atentado à bomba, em Nova Orleães, à destruição e mortes e através da personagem de Denzel (Carlin) ao início da investigação. O que começa por ser uma simples investigação, nos moldes tradicionais, acaba num projecto secreto que permite ver o que aconteceu à 4 dias e algumas horas atrás.
Será que é possível alterar o passado? É o tempo fluído? Há uma ou mais realidades? Conseguiremos descobrir o culpado? Estas são algumas das perguntas feitas ao longo do filme.
O filme não é ciência pura e dura, algumas das opções feitas são discutíveis (opções no que diz respeito à alteração temporal, entenda-se) mas vê-se bem; não é tão duro e dorido quanto Man on Fire, é mais comercial, mas não desliza no facilitismo geral. Talvez por isso, transmita por vezes uma sensação de deja vu, ainda que não em demasia. Estava à espera de um filme mais preenchido por clichés, falha o final, mais deja vu é difícil, mas por que outro final se optaria? Ficamos com algum amargo de boca, mas outro final afastaria alguns milhares de espectadores.
É um filme que não sendo nada de novo, vê-se muito bem. Eu que já não via um filme, no cinema ou não, há muito tempo deixei-me embalar por este Deja Vu e descontraídamente descansei na cadeira do cinema.
Resumindo, posso considerá-lo um bom filme de acção inteligente, bem realizado, com alguma previsibilidade final, mas que consegue o seu objectivo.
Antes de me ir deixem-me só chamar a atenção para Jim/James Caviezel, não deixei de sentir a ironia do papel de Caviezel.
Caviezel tem aqui um papel paradigmático em relação a dois já interpretados.
Depois, de em A Paixão ter sido Jesus, o salvador do mundo, encarna, aqui, mais uma vez, uma espécie de salvador humano, dorido e que nos leva a novas (ou não tão batidas) interpretações sobre o terrorismo, o que salta à vista é a contenção na construção da personagem.
Depois, acaba por encarnar uma personagem contrária à interpretada em Frequência, filme em que ajuda (com 30 anos de distância) o pai a não ser morto. Não deixa de ser interessante que a personagem de Frequência é análoga à de Denzel Washington em Deja Vu.
Não sei se os produtores, realizador e equipa de casting tiveram isto em conta, mas achei extremamente interessante a análise destas três personagens, a partir de um mesmo actor. Um grande actor, já agora.
Se quiserem fugir aos filmes infantis, à história de Natal e às comédias Deja vu é uma excelente opção. Poderá perder audiência por estrear nesta altura, em que os corações estão mais virados para outros estilos, mas...aconselho vivamente.