Lembro-me de pequeno ir ao cinema, levado por uma tia, ver os 101 Dálmatas e a Branca de neve (o que pode explicar muita coisa).
Em adolescente ia de vez em quando ao cinema, e na época de faculdade habituei-me a ver dois ou três filmes por semana (bons tempos:p). Este intróito serve para demonstrar a minha dificuldade com pipocas e muitos adolescentes. O cinema para mim é um exercício em silêncio, pautado pelo choro (só uma vez me deparei com tal, ao ver Elas, de Galvão Teles. Uma sra. que já vira o filme umas vinte vezes chorava e já levava os lenços de papel), pelo riso, e pelas palmas.
As conversas, os telemóveis chateiam-me. Deduzo que seja por esta razão que a determinada altura comecei a ver cinema independente, o público é outro.
Assim, ontem, por nenhuma razão em especial, não gostei muito do segundo tomo da saga, fui ao cinema. Obviamente que a sala estava mais cheia que um ovo (o que não é cinetificamente provado), mas o barulho e o burburinho nem foram excessivos (será isto a religioiidade? Havia uma certa ideia de culto!).
Lera uma crítica ao filme no Público, e ficara com o pé atrás (para quando a capacidade de ignorar os críticos?). Afinal, gostei bastante mais que o segundo filme, e menos que o primeiro.
Existiram bastante factores que me levaram a gostar bastante do primeiro. Sempre gostei de filmes de piratas, gosto de Johny Depp (e a sua actuação como Jack Sparrow convenceu toda a gente), e a interpretação "religiosa" que fiz agradou-me bastante. A ideia de se estar vivo e não ter prazer em nada, de ser um morto vivo agradou-me bastante. Com as devidas ressalvas podem-se encontrar alguns paralelismos nas Sagradas Escrituras. Adiante.
O segundo filme era um intervalo, pouca história, mais humor, e efeitos especiais. Diverti-me (função especial deste tipo de filmes) e ri-me, mas o filme pouco mais despoletou em mim.
O terceiro é mais complexo e acertado. Poderíamos descrevê-lo como um rol de inúmeras traições, quem o vir compreenderá. O humor é mais fino, os efeitos especiais geniais. A realização...quem sonharia que o senhor de The Ring, Mousehunt, O Homem do tempo teria tanto jeito para filmes de acção? Como mero espectador confesso a minha boca aberta perante os efeitos especiais + sequências de acção. Foram bem idealizadas e realizadas, obviamente que não falamos de Cinema (Howard Hawks, Hitchcock, Leone), mas também não é aqui que Verbinski está. Genial são as sequências surrealistas (a primeira, a do nariz é brilhante) com Sparrow.
Orlando Bloom perde terreno, já o esgotara com o segundo tomo, e Keira ganha o foco.
Um filme mais complexo do que os dois anteriores, com melhor estrutura que o segundo, aquém (para mim, em termos narrativos) do primeiro, mas que não envergonhará ninguém.
O final poderá surpreender algumas pessoas, mas tendo em conta que o franchising está de excelente saúde, parece-me óbvio a possibilidade de continuar a saga.