Exames, trabalhos individuais para corrigir e lançar as respectivas notas, compras para a casa, algumas arrumações, e preparações para estudo ao Domingo retiraram-me tempo e vontade de estar aqui.
Mas, como foram as últimas semanas?
Ruben A, com os dois primeiros volumes de Páginas. Mais interessante o primeiro que o segundo. Afife e Unhas.
António de Sousa Homem, com o excelente Os Males da Existência - Crónicas de um reaccionário minhoto. Não concordo quando ele diz que não seria capaz de escrever um romance, aquilo não é um livro de crónicas, é um romance.
O estilo é repetitivo (Moledo, o Dr. Sousa Homem, o meu pai, o iodo, a sobrinha de Braga, o retrato de D. Pedro V - ? estou a escrever de memória, as intrigas políticas do século XIX, os almoços de Domingo), mas constrói perfeitamente uma personagem que parece que mais nada faz do que se repetir ao longo das páginas do livro. Parece, mas o livro é um clássico.
De que é que estão à espera? Vão comprá-lo. Leiam-no e releiam-no.
No Domingo vi O Orfanato, o tão badalado, na nossa imprensa, filme espanhol.
Quando os jornais dão 4 e 3 estrelas um tipo fica expectativo, mesmo quando conhece mais cinema de terror fora do campo americano, e vai vendo algum cinema de terror espanhol.
Vale a pena ver? Vale. Orfanato conta a história de uma mulher que compra o antigo orfanato onde cresceu para ali criar uma casa para crianças com deficiências.
O seu filho começa a ver e falar com um amigo imaginário, e de repente desaparece. O segredo pode estar no seu passado. Onde está o seu filho? Quem o levou?
O Orfanato vai beber a filmes como El Spinazo del Diablo, de del Toro, mas também tem parecenças com Frágeis de Balagueró ou Dark Water de Ideo Nakata.
Enquanto filme cativa e interessa-nos. No final desilude com o final quase cor-de-rosa, retirado de Dark Water (aqui bem mais feliz e menos moralista) ou de Frágeis (um dos menos conseguidos, no que diz respeito ao final) de Balagueró.
Ainda assim, bem melhor do que a maior parte do material que nos chega de terras do Tio Sam.
Kidnapped. Agora à venda no nosso mercado, com o título Desaparecido (o moço não desapareceu, foi sonegado, mas está bem...).
Uma série de 13 episódios, que poderia ter tido mais, mas o público não se interessou, e que ainda assim foi terminada com pés e cabeça, a pensar, quiçá, no mercado de venda directa.
Kidnapped bebe da mesma premissa que Vanished, uma outra série do mesmo ano, que andava também a meias com um rapto. Menos teoria da conspiração que Vanished, mais esqueletos no armário, Kidnapped mostra fragilidades ao nível da realização, não dando azo aos guiões, retirando qualquer tipo de interesse a todas as situações pelas quais as personagens passam. E este parece-me ser o maior calcanhar de Aquiles. Com um elenco com actores como Dana Delany, Tim Hutton e Delroy Lindo, só este último se safa.
Concluindo, não será das piores à venda, mas com os 30 euros que custa há mais por onde escolher, e com melhor qualidade.