No âmbito das discussões em curso no Parlamento Europeu e relativas à Directiva sobre Tempo de Trabalho, há quem procure realçar a importância de que o Domingo continue a ser o dia consagrado ao repouso por excelência. É essa a posição de alguns deputados europeus de diferentes famílias políticas e também da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE). Também em França (talvez o país europeu onde o trabalho dominical tem mais restrições) está a ser discutida esta questão.A fidelidade às raízes cristãs da cultura europeia passa também por aqui. Tornar o Domingo um dia como outro qualquer desfiguraria essa cultura. O respeito pelo Domingo como dia de repouso está historicamente ligado à sua dimensão religiosa cristã, que acentua o primado de Deus e do Seu culto. Esta dimensão continua a ser importante para uma parte significativa (mesmo que minoritária) da população europeia e este facto não pode ser ignorado, em atenção ao valor da liberdade religiosa.Mas o relevo particular do Domingo não se restringe a este aspecto. Também enraizado na mensagem cristã, mas com um alcance que é partilhado por crentes e não crentes, o sentido tradicional do Domingo tem o significado da recusa da absolutização da lógica económica, do primado da pessoa humana sobre essa lógica. A pessoa humana e a harmonia da sua vida familiar e social não têm que se subordinar por inteiro aos ritmos da produção e do consumo, também estes têm que se subordinar aos ritmos da vida pessoal, familiar e social. O trabalho é para a pessoa e a sua família, e não o contrário.
Pedro Vaz Patto in http://oinimputavel.blogspot.com