A literatura tem um poder enorme, ou, se quisermos ser mais objectivos, tem vários poderes. Faz-nos sonhar, perder a conta ao tempo que passa, ensina-nos, deseduca-nos, aprende-se palavras e expressões e hábitos e muitas outras coisas novas, aprende-se o poder de uma história.
O papel do escritor é por vezes dúbio, pelo menos na mente de alguns. Não me considero escritor, mas em tempos de novas tecnologias, em que muitos nos lêem por vezes há a dificuldade de dividir as fronteiras.
Tenho o cuidado de colocar em alguns textos a expresssão breves narrativas, partindo do princípio de que todos saberão identificar a natureza ficcional do texto.
E fico surpreendido, vez após vez, com um ou outro comentário, que indica que a ficção foi tida como biográfica ou práxis.
Não sei se os que me lêem, e os que me conhecem, me encaram como um personagem, não sei se o que escrevo é demasiado verosímil ou familiar, ou se simplesmente as pessoas acreditam em tudo o que lêem.