Nestes últimos anos passei da crença para o cinismo, no que à política diz respeito. Em vez de discussão, vejo tricas, parece um concurso de maldizer, não consigo discernir uma vontade real em resolver os problemas.
Não será à toa que o entusiasmo dos portugueses pelas actuais eleições presidenciais seja menor do que há pouco menos de dois anos com as eleições presidenciais americanas. Fala-se menos e com menos vigor de Alegre e Cavaco do que de Obama e Palin, o que é sintomático. Conscientes disto, ou não, os candidatos presidenciais introduziram uma tática comum nas eleições americanas, a política suja. Vale tudo menos discutir o que interessa ao povo, ao país. Num cartoon de um humorista nacional, um indivíduo perguntava ao outro se já tinha escolhido em que banco é que ia votar, nas actuais eleições.
Alegre teve ontem o primeiro laivo de sensatez, ainda que pelas razões erradas. Pediu a Cavaco que suspendesse a campanha, sim, sim, por favor, para impedir o FMI de se instalar no nosso país.
Estou muito pouco interessado na identidade do próximo Presidente nacional, não me podia desinteressar mais, expliquem-me duas coisas.
Para que é precisamos de um Presidente, não, a sério.
E porque é que hei-de votar. Uma razão prática. Para que é que serve o nosso voto? O povo só é tido em conta em momentos de eleição, depois... entra em hiato.