Como pode um filme de "terror" ser tão poético? Tão humano, tão libertador?
E ao mesmo tempo ter uma capa/poster tão horrível?
Não me sinto capaz de responder a tal pergunta.
O cinema de terror asiático tem-me surpreendido, e não tanto pelo "gore" da coisa. Os últimos que vi e gostei foram The Ring e este The Eye. O primeiro menos assustador do que esperava, mas que trabalha muito bem ao nível psicológico, principalmente depois do filme terminar. Assutei-me mais depois do que durante o filme.
Este The Eye relembra-nos O 6º Sentido, já que a temática é a mesma. Uma rapariga cega recebe um transplante de córnea, e enquanto recupera a visão e da operação apercebe-se que vê coisas que mais ninguém vê, she sees dead people.......
Mas, onde O 6º Sentido aposta no suspense e no salto do espectador, The Eye, sem perder estes aspectos aposta numa sensibilidade um pouco maior. The Eye é poético, sensível, mais humano, apostando na relação entre mortos e quem os vê, e na progressiva aceitação destes, ainda que com piores actores (ou pelo menos não tão bons), embora a actriz principal seja bastante convincente no papel. The Eye começa pelo susto, mas vai-se concretizando como um filme dramático, que aposta na descoberta do eu, na paz interior, na aceitação e no amor.
The Eye surpreendeu-me, e não o encaro propriamente como um filme de terror. Assusta, mas é mais do que um produto para molhar calças.
Onde The Ring me deixava uma sensação de impaciência e intraquilidade no final, este The Eye vai-nos tranquilizando à medida que o vamos vendo.
Gostei bastante deste filme, recomendo vivamente. Mesmo aos que não gostam de cinema asiático e principalmente aos fãs de 6º Sentido.
8/10