Vi Inglorious Basterds (IB) num cinema em Belfast.
Deve ser o filme de Tarantino que mais gostei. Não era o que estava à espera, mas isso é culpa das frases feitas que vamos lendo nas revistas de cinema.
Tinha lido há uns meses que este seria o War movie that ends all war movies. Pois, esqueçam.
Enquanto filme de guerra, enquanto produto sobre a II Guerra Mundial, IB é uma private joke de Tarantino. Claro que há nazis, menos claro é que haja aliados. Há americanos e ingleses. Os americanos são uns filhos da mãe sádicos que levam para o cenário de guerra a arte da escalpelização. Do outro lado temos um alemão cínico, frio, capaz de matar enquanto sorri e bebe um copo de leite.
IB seria um excelente filme de propaganda anti-nazi. É um exemplo do que o cinema pode fazer - divertir, fazer-nos pensar e, ao mesmo tempo, ignorar o fio condutor da História. Estamos no cinema, não numa aula de história. Acima de tudo estamos perante um belo exercício de narrativa e filmagem.
IB tem cenas de antologia, e confesso que me arrepiei e sorri quando, logo no início, ouvi a música de Morricone. Sinto falta dos filmes de Leone, mais ainda dos filmes de Leone com música do italiano. IB transportou-me um pouco para essas memórias, ainda que o estilo seja ligeiramente diferente. Há mais cinismo, há, há. Há mais humor (Brad Pitt inesquecível com aquele sorriso cínico e brilhante sotaque italiano), mas há muito mais.
O burlesco do filme de propaganda nazi e as reações nazis, a preparação da vingança da dona do hotel, o alemão que se não ganhar o óscar, ai, ai.
IB é, neste momento, o melhor filme que vi este ano.