Sou cada vez mais fã deste espanhol. Enquanto argumentista, já escreveu
[Rec],
Películas para no dormir: Para entrar a vivir,
Frágiles, de que falei aqui no início da semana, The Nun, há mais um bocado, mas também já escrevi sobre o filme,
Darkness,
Sin nombre, Los , um episódio da uma série de tv,
"Nova ficció", com o nome,
La ciutat de la sort e as curtas metragens,
Días sin luz e
Alicia. (filmes que invariavelmente realizou, com excepção de The Nun).
De todos os que vi (Rec, Frágeis, Los Sin Nombre, Dias sin Luz e The Nun) o mais fraco, tanto em termos de realização, como de argumento, é - sem dúvida - The Nun. Confesso que achei piada a Días sin Luz, mas é algo ainda demasiado introdutório, embora haja algumas características "balaguerianas", mas com influências sado-maso, pouco recorrentes no resto da obra.
Continuo a ver e a interpretar os filmes de Balagueró com base no primeiro filme que vi - Los Sin Nombre.
Em Los Sin Nombre uma mãe recebe o telefonema da filha, dada como morta (identificada) há uns anos atrás. Tentará perceber se se trata realmente da filha. Ao mesmo tempo, seguimos as pisadas de um ex-polícia tentando descobrir algo sobre um grupo que tenta destilar o mal puro.
(Isto de uma forma rápida. Já não vejo o filme há....ui!)
Ora, se neste filme o que se vê são os laços entre mãe e filha, e por outro a tentativa de definir "cientificamente" o mal, de limitá-lo ou recriá-lo, em Frágeis, há uma espécie (ou mais do que uma, mesmo) de relação entre mãe e filhos. Vemos o relacionamento de diferentes perspectivas, a do fantasma será a mais interessante, e o amor é definido, recriado, espandido e redefinido, chegando à loucura.
E chegamos a este brilhante e acagaçante REC.
A história é simples. Angela, repórter televisica, e Pablo, o seu cameraman, estão a fazer uma reportagem sobre a noite a noite dos bombeiros de um dos quartéis de Barcelona. Seguem dois bombeiros numa emergência. Os vizinhos ouviram uma vizinha idosa aos berros. Chegam ao prédio e, depois de entrar em casa da velha, esta ataca um dos bombeiros.
Em menos de nada, deparam-se com o prédio de quarentena e com mais vítimas em mãos. Tudo isto filmado com uma câmara ao ombro à boa maneira de Cloverfield, mas sem as dores de cabeça.
Aparentemente, os americanos não dão mesmo uma para a caixa, e porque não conseguem ver filmes legendados (tadinhos) e ver filmes dobrados stinks, já estão a fazer o remake, que deve estrear antes do final do ano. Chama-se Quarantine e as imagens do trailer mostram que seguiram o mesmo script. Para além da actriz que faz de jornalista ser bem menos interessante/expressiva que a espanhola. Ainda não percebi qual é o sentido...mas pronto!
E vocês, se forem homenzinhos ou mulherzinhas grandes vêem este, em vez do remake, isto se gostarem de filmes de terror, daqueles que assustam mesmo a gente, mesmo!
Esqueçam o Blair Witch (só hype), esqueçam as técnicas de Cloverfield. REC está gravado realmente com a câmara ao ombro, não dá dores de barriga, só ansiedade. Obviamente que há ângulos que foram propositadamente escolhidos, mas... pronto! A gente desculpa pelo resultado.
Mas, concluindo o raciocínio primeiro. Em Rec já há o mal puro, o mal destituído de qualquer marca humana ou de personalidade, e de certa forma a ligação com Los Sin Nombre é maior (mas para isso tinha de contar o fim do filme, e isso não faço).
Balaguero mostra que se faz bom cinema com pouco (ou menos, muito menos) dinheiro.
Um dos filmes do ano.
Só perderá quem tiver mesmo medo. E este deixa-nos com o coração aos pulos.
9/10