Chocas-te com pouco. De facto, os meninos figurantes foram contratados pela empresa responsável pela demonstração dos quadros interactivos e não pelo governo como, de má fé, se insinua. Além disso estamos num período de férias escolares e não vejo outra forma de ter crianças ali. Está mal pagar-lhes por isso? Bem, os meninos fazem parte de uma agência, ou seja, são os mesmos que fazem os anúncios e das telenovelas que consumimos. Ou também te choca a exploração infantil que fizeram ao "Harry Potter" enquanto criança?

Já agora, o que me choca, de facto, são as notícias que são notícia. Na falta de uma oposiçao melhor, ou de uma alternativa credível, a única forma de atingir o governo tem sido através de casos isolados e acessórios, tratados com a demagogia que convém. Não há ideias melhores?

João Filipe Narciso

Escrevi que estava chocado pelo facto da Ministra achar natural porque sinceramente me parece tudo menos natural/normal.

Fazer uma campanha de charme fora da época escolar tem riscos, um deles é não ter crianças. Colocar lá actores? É marketing purro e duro. Pouco mais do que isso. Mas o que me choca mais é o achar normal, ainda bem que são pagas para isso, mas...
É que quando as pessoas lá estão, sem serem pagas a lutar pelos seus direitos (com ou sem razão) os políticos (e podem ser estes ou outros) fogem ou proibem-nos de falar/se manifestar.
Por falar nisso já tens vela para a vigília pelo centro de saúde? Desculpa o cinismo, vou ver se arranjo umas crianças para as cameras de tv:p

Por acaso, já fui atendido no reformulado centro de Saúde do Seixal. Por isso, posso falar do que sei e já experientei e não do que aparece nos telejornais e nos cartazes da propaganda.

Assim, deixa-me dizer-te que as mudanças no funcionamento do Centro De Saúde do Seixal são muito mais vastas do que o encerramento da SAP. Em primeiro lugar, foram criados 4 agrupamentos de médicos, que funcionam até às 20 horas da noite, onde cada utente se pode deslocar, ao respectivo agrupamento, com ou sem marcação prévia. A cada agrupamento está afecto um grupo especifico de médicos, enfermeiros, administrativos e pessoal auxiliar, o que faz com que o atendimento seja agora muito mais rápido e eficaz. Além disso acabou-se com as idas para o centro de saúde de madrugada para conseguir uma consulta.

Esta foi a mudança principal que ocorreu no centro de saúde e que ninguém fala. Claro que ao trazer mais médicos e outro pessoal para o centro de saúde os custos aumentaram. O que se fez para minimizar esses custos foi transferir a SAP, que funcionava até às 24 horas no Seixal, para o centro de Saúde da Amora. Note-se que, só devemos recorrer à SAP da Amora das 20 horas às 24 horas, visto que antes dessa hora podemos continuar a deslocar-nos ao centro de Saúde do Seixal, onde teremos atendimento no agrupamento de médicos respectivo.

Já agora, e como não vivo no Seixal, gostaria de reivindicar também um médico 24 horas por dia num local a 100 metros da minha casa?

Serei menos do que o pessoal do bairro novo?

João Filipe Narciso

Irrita-me um pouco a política do fechar, e sinceramente não sei se acredito que os custos vão aumentar, é contraproducente em medidas deste tipo com este governo.
Depois, não me parece lógico que se feche a SAP do Seixal enviando os doentes para a Amora, um único SAP, durante 4horas para quantos milhares de habitantes? Se era para aumentar o nº de médicos porque não aproveitar o que existe?
Ou a medida é como a das escolas que se vão fechando porque, ao contrário deste caso, só têm 3 ou 4 alunos? E depois enviam-se os alunos para escolas com piores condições. O que me parece, embora não vá lá há muitos anos, com a SAP da Amora, como será estar em fila de espera no Inverno? Ou já tem melhores condições, maior espaço, que a do Seixal?
Com o fecho de inúmeros serviços de saúde o Governo até agora mostrou que não tem medo de tomar medidas, mesmo que isso implique viagens de alguns km para muitos doentes do interior, e nascimentos em ambulâncias.
Governa-se para o défice ou para o povo?
E não é uma questão de criticar particularmente este governo, já não acredito em nenhum.

Bem, hoje apanhaste-me com tempo e disposição para ir comentando por aqui. Por isso, aguenta-te.

Quando nós gastamos mais do que ganhamos pedimos um empréstimo. E assim, sem mudarmos o estilo de vida, vamos aguentando mais um pouco. Até que um dia percebemos que a situação é insustentável e que algo tem de ser alterado. A primeira ideia é ganhar mais para fazer face às despesas. POdemos fazer umas horas mas, só por aí, rapidamente percebemos que não é suficiente. E só nessa altura é que percebemos que talvez seja melhor fazer uns cortes nos gastos. Então optamos por ir menos vezes ao restaurante, comprar marcas brancas, viajar nos tranportes públicos, fazer férias mais perto, e.t.c.

Portugal está nessa fase. Estamos no limite. Felizmente, temos um governo que teve a coragem de tomar as medidas necessárias não ligando aos incómodos da impopularidade, manifestações e vigilias.

O que eu quero é que, como cidadão que pago os meus impostos, que o governo administre o melhor possível o dinheiro dos contribuintes. Desta forma, exijo que se afaste todo o desperdicio do Estado, racionalizando meios e optimizando serviços. Se o governo conseguir fazer isso de uma forma justa, cortando onde deve cortar, e se ao mesmo tempo conseguir melhorar os serviços tanto melhor. Desta forma, parece-me que o fechar escolar com 2 ou 3 alunos faz todo o sentido. POr um lado, racionaliza-se os meios e por outro melhora-se o serviço, possibilitando que os alunos tenham as mesmas oportunidades e condições que os alunos têm em escolas maiores - as estatísticas provam que os alunos em escolas com menos de 10 alunos têm taxas de insucesso enorme.

Quanto aos meis de saúde passa-se exactamente a mesma coisa. Foi assim com as maternidades é assim com os SAP - as estatísticas também mostram que maternidades ou centros de saúde de pequena dimensão têm associados menos condições...

Até porque a ordenamento do território actual não é o mesmo do que há uns anos atrás. Além do mais as facilidades de transporte também hoje são incomparavelmente distintos de há 20 anos atrás. Ou seja, o mapa de saúde do país, assim como o mapa de escolas, há muito que está completamente desajustado da realidade. E é esse reajustamento que se está a fazer. E como sempre, quando se muda alguma coisa, há sempre insatisfeitos.