Ao magro salário acrescenta o 13º mês. Não fora o Natal e a expectativa das crianças e o mês seria menos remendado.
Os dois filhos, um com 14 e outro com 8 anseiam de forma diferente pela época festiva.
O mais velho já é mais consciente das dificuldades financeiras dos pais, o mais novo ainda saliva a ver os intermináveis anúncios na televisão.
Numa visita esporádica a um dos Continentes trouxeram um catálogo para crianças, o filho mais velho viu-o, voltou a ver mas não deixou nenhuma cruz, afinal o mais novo já marcara todos os brinquedos que um rapaz gostava de ter.
Ao pai, por vezes, embarga-se a voz quando vê o catálogo. Os olhos ficam vidrados.
Será este o sentido do Natal? Conta os euros, e tenta escolher uma das prendas mais baratas, afinal os filhos, e ele e a esposa, precisam de roupa. O mais velho aproxima-se do pai, e sussurando-lhe diz-lhe que não é necessário ter uma prenda na meia. Que basta um chocolate.
Será isto o Natal?
Lembra-se da narrativa bíblica, de um menino a nascer na miséria e a ser presenteado com presentes por alguns reis magos. Mas ele era Deus, assim segue a narrativa. E os seus filhos, que não têm reis magos que lhes ofereçam nada.
O que é o Natal?