No lançamento do projecto educativo «Academia de Talentos», na escola do 1º ciclo de São Domingos de Benfica, o médico salientou que a formação escolar e profissional representa «apenas dez por cento» de uma pessoa. «A condição humana não se resume a ser bom aluno ou bom profissional. As crianças não serão bons profissionais, nem pessoas completas, se não desenvolverem o seu lado artístico», afirmou.
O pediatra considerou que o exercício de «pequenos talentos», como a música, a pintura ou até a leitura, é muito importante para o mecanismo de defesa da criança e do adulto. «Quando algo corre mal podemos expressar os nossos sentimentos de uma maneira positiva. E quando nos deparamos com algum problema, nomeadamente escolar ou profissional, esses talentos são um escape e um amparo», explicou Mário Cordeiro, defendendo que, em vez dos trabalhos de casa que «são uma agressão aos direitos das crianças», que já ocupam grande parte do tempo nos estabelecimentos de ensino, é preciso «completar a escola com trabalhos de criatividade».
Para este responsável, nos dias de hoje, é «precioso» o tempo que pais e filhos passam juntos e, por isso, as conversas e a realização de trabalhos criativos em família é essencial para o bom desenvolvimento da criança.
O projecto Academia dos Talentos, da empresa LeverLida, vai trazer a cem escolas públicas e a 20 mil crianças entre os cinco e os 12 anos oportunidade para descobrir a criatividade através de actividades didácticas.
A empresa, considerando que, desde 1º ciclo, as escolas têm poucos trabalhos de criatividade para as crianças, vai percorrer o país com um autocarro baptizado com o nome «Academia dos Talentos», no qual as crianças podem pintar, fazer construções de papel e até experiências ligadas à natureza (plantações de feijões).
Mário Cordeiro justificou a sua participação no evento com a necessidade de estimular as escolas públicas para o desenvolvimento dos talentos das crianças. «Não é preciso as escolas terem orçamentos milionários para este tipo de projectos. Basta criatividade, basta por exemplo pedirem a colaboração de pessoas da terceira idade que têm enormes talentos para partilhar e que estão desaproveitados», concluiu.
18:22 3 Novembro 2004
In Expresso on-line
Concordo em parte. Admito que a escola deva ser o mais apelativa possivel. Caneco, tou a dar aulas numa escola superior e fazemos os possíveis para os alunos não acharem demasiado secante! MAs penso que devemos ter atenção a uma coisa. Caímos no risco de ser demasiados facilitistas. Não podemos esperar que sem suor, rigor, e afins (tanto dos professores como dos alunos) os resultados sejam bons - satisfatórios sim, bons não!
Alguém quer começar a discussão?