Entro na escola. Em frente do edifício há uma espaço verde, que teima em, durante o inverno, afogar-se em água e lama. A Dona N. anda com um pau de vassoura, ou algo semelhante, a fazer não sei bem o quê. O vento insiste em correrias pouco comuns. De repente vejo uns papéis voarem dum dos bolsos de Dona N, que atirara antes algumas palavras para o ar, como sempre faz comigo e com outros. O vento levou as palavras para longe e teima em repetir a proeza com os papéis. São três, os papéis que voam, um fica a navegar numa poça de água, os outros dois a passear pela relva enlameada. Assim que vê os papéis voar, a Dona N. diz-me "lá se vai a minha riqueza". Intuo, Dona N. imediatamente confirma, que se tratam de três boletins do Euro Milhões. Dou três passos na lama para a ajudar, a consciência de afundamento e o aviso de Dona N. aparecem ao mesmo tempo. "Não vá por aí, eu apanho".
Entro no edifício da Escola, com lama nos ténis, Dona N. fica a observar o boletim náufrago.