24.01.11

Leio no i que o dia de hoje, 24 de Janeiro é, matematicamente explicado, o pior do ano, o mais deprimente do ano, tenho dificuldade em acreditar nisto depois da certeza que não há campanha eleitoral por mais um mês, claro que a vitória de Cavaco pode explicar a depressão, mas prefiro olhar para isto pela outra face da moeda.

 

Pela 2ª vez na minha vida decidi não votar. A pergunta que mais queria ver respondida, Para quê? , não foi respondida. Atenção que não perguntava o porquê, questiono a utilidade do voto e o custo-benefício pessoal. Ouvi a minha avó replicar algumas das últimas palavras do meu bisavô, sobre a importância do voto, compreendo-as à luz da ditadura. Tive duas cadeiras no Mestrado relacionadas com política e com o papel dos cidadãos na política e estou na mesma. O meu voto queda-se simplesmente no meu direito/dever? E depois? Terão os cidadãos hoje um papel que não o de eleitores? De que forma olham os políticos para os cidadãos? A Assembleia que nos representa e devia ser a nossa representação parece ser pouco mais do que um circo alimentado pelos soundbytes facultado a posteriori pelos media. Há programas políticos? Para que servem? Cinicamente, diria que simplesmente para cativar votos.

Factual e pragmaticamente, para que precisamos de um Presidente da República? Ouvir um Senhor que durante quatro anos fechou os olhos, limitou-se a dizer três ou quatro frases mais ou menos fortes e que acorda durante a campanha e decide dizer que estamos mal, muito mal. O que é que esteve a fazer durante estes últimos anos? Ouvi-o falar sobre os Açores, acredito que terá apanhado sol a mais. Pouco mais... Para que precisamos de um Presidente da República? Para quê?

Chafurdar na má língua, maldizer e acusações múltiplas sem uma palavra para a realidade, o que fazer com ela, como mudá-la. A campanha foi isto, como quase sempre é, pouca discussão altiva, muita crítica pessoal. Eu quero lá saber se a pessoa é séria, que raio de argumento é esse?  Ser sério não me capacita para dar aulas, ajuda, mas não responde a nenhum pergunta sobre a matéria. Eu quero lá saber se a pessoa quer ir para Belém a menos que o matem, e não vai (em que ficamos), para Belém. Não percebi o que estes senhores queriam fazer em Belém, o que queriam fazer com o cargo. O único que me respondeu foi Alegre, "não coloquem um Governo e um Presidente de direita", uh?

 

Não, não fui votar, mas se querem culpar alguém culpem esta gente que fez tudo menos dar-me uma razão lógica para o fazer. É o meu direito? É o meu dever? Devo lá ir nem que seja para colocar um voto em branco? Tenho mais que fazer.

Há dez anos eu não era assim, orgulhava-me do meu direito de voto. Hoje, quanto mais leio, quantas mais entrevistas ouço, quantos mais debates vejo, menos vontade tenho de contribuir para a boa vida de poucos. Vejo pouca diferença entre um debate na Assembleia da República e um PPV de Wrestling, o poder está na forma como se ataca ou ignora os adversários. Enquanto não me derem uma razão para votar, desculpem, mas não me interesso por bibelots.

 

 

publicado por wherewego às 11:06

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