Mas, depois do trauma inicial, o visionamento compensou, em larga medida, a compra do DVD.
Double Vision (Shuang Tong) é quase um episódio chinês, com ácidos, de Ficheiros Secretos.
Numa frase, o filme incide sobre a investigação de vários crimes, por dois detectives, um chinês e um americano, enviado pelo FBI para ajudar na descoberta do criminoso.
O problema? É que os crimes não parecem ser obra de um ser humano.
Huang Huo-to (Tony Leung Ka Fai) é um polícia deprimido, que está com inúmeras dificuldades no relacionamento com os colegas, por ter testemunhado contra a corrupção dentro da sua força policial. Há anos que não vai a casa, a sua esposa está a ultimar o divórcio e a sua filha não fala, descobrimos a razão lá mais para a frente.
É então que se dão três assassínios, estranhos, no mínimo. Mortes que não parecem ter nada em comum, a não ser dois factos. Descobre-se em todas as vítimas um fungo, e as provas indicam que morreram num estado alucinatório.
Um homem de negócios morreu, no seu escritório, sentado na cadeira, afogado, uma mulher morreu queimada, numa casa incólume e descobre-se um corpo, numa carrinha, morto por esfaqueamento.
Incapacitados para resolver o caso, chama-se um profiler americano, desconhecedor da mentalidade e cultura chinesas, mas apostado em resolver o caso com os seus conhecimentos de criminologia.
O elenco é sólido. Tony Leung é perfeito no seu papel, e David Morse não o deixa desamparado, no papel de americano duro, mas simpático, descrente, mas profissional.
E a realização não deixa ninguém envergonhado, muito menos os chineses que querem triunfar em Hollywood.
Double Vision é um thriller muito interessante, que junta o misticismo/religiosidade asiáticos ao bom policial, num filme negro, construído em crescendo e que tem por trás uma mensagem poderosa.
A ver, com atenção.
7.5/10