17.05.07

Terá sido o primeiro livro de temática gay que li do princípio ao fim.

É difícil dizer alguma coisa sobre o livro que o texto da apresentação do mesmo, a cargo de Fernando Pinto do Amaral, não o já tenha feito.
Confesso que gostei deste Cidade Proibida, de Eduardo Pitta.
Algumas das passagens são mais descritivas e cruas (obscenas?!) do que estamos habituados na nossa literatura. Quiçá se a descrição dos relacionamentos sexuais fosse heterossexual não causaria tanta estranheza, e seriam mais típicas. Aqui Eduardo não faz concessões, quer pintar o quadro da intimidade das personagens, e fá-lo sem paninhos quentes. Sexo, práticas fetichistas, taras e mais sexo encontram-se no livro.
Sendo uma narrativa de temática gay, mas não só, o livro ganha do estilo e capacidade narrativa do autor. Dizia-se na apresentação que não era usual um poeta ter tanta firmeza narrativa. Tem-na de facto. O livro prende, mesmo um leitor heterossexual, desconhecedor, e devo confessar algo avesso, a temáticas gays.
Mas, o que me faz gostar bastante do livro é a crítica social e cultural.

Na página 27, lemos a frase de uma funcionária dos serviços consulares, a Rupert, inglês, que viria trabalhar em Portugal.
“- Portugal? Leia o Beckford, Recollections of an excursion...É de muita utilidade. Vai ver que continua tudo na mesma.”
O livro de Beckford foi publicado em 1853, e fico na dúvida, depois de ler o livro (e o blog), se a crítica é uni ou bidimensional. Eduardo critica só a visão estrangeira de Portugal, ou na realidade critica também a incapacidade lusitana de evoluir?
Nas páginas 40 e 41 discute-se o valor de A Noite e o Riso, de Nuno Bragança, e Portnoy´s Complaint, de Phillip Roth.
Dois livros contemporâneos um do outro, para comparar anglo-saxónicos e portugueses, agora partindo da literatura.
Depois, há o Eduardo do Blog em estilo romanesco. A música, o cinema, a literatura, as classes altas e médias, e as outras, os escritores e os professores universitários, os parasitas, as teses de mestrado (pág. 69 e 70), P D. James, etc...
Resumindo, um dos grandes livros de 2007.

Cidade Proibida é a história do relacionamento entre Rupert, inglês, das classes baixas, e Martim, português da classe alta. Dois mundos diferentes, dois países diferentes, duas sensibilidades diferentes numa cidade proibida.

Afinal não é só o sexo o que divide a cidade, é também o dinheiro, o saber, a cultura, os interesses, a história por trás de cada um.
publicado por wherewego às 16:59

A ausência dos últimos dias explica-se com o trabalho na faculdade, acrescido com o fora desta (loja dos pais) e por ser a semana de casamento do irmão.
Ontem, tive a oportunidade de assistir à apresentação de Cidade Proibida, livro de Eduardo Pitta. Estou a poucas páginas do final do livro, e depois tentarei dar a minha opinião acerca do mesmo, mas a apresentação a cargo de Fernando Pinto do Amaral foi muito feliz (em busca de melhor palavra. A brincar apelidei-o de Director de Marketing do escritor), abrindo o apetite dos muitos presentes.
Até já!
publicado por wherewego às 15:00

11.05.07
A crónica é uma arte, acrescentar maior seria redundante.
Iniciei-me nesta arte com Os Meus Problemas de Miguel Esteves Cardoso. Lembro-me que aprendi, ri e pensei. Lendo quase exclusivamente em português existem alguns cronicadores de eleição.
Aprecio bastante Onésimo Teotónio de Almeida, Luís Fernando Veríssimo, o já citado MEC, e outros que me esqueço de momento.
Comprei a semana passada o livro (Intriga em Família) de Eduardo Pitta com os textos do blogue Da Literatura, não sendo um cronista per si, o livro tem crónicas e vale ter em papel. Não serão só crónicas, nem sei se o autor se encara como cronicador quando escreve alguns dos posts, ou se blogger será o nome mais geral e feliz para definir a autoria do que se lê. Sendo um dos meus blogues de eleição não resisti e comprei. Muitos dos textos já os lera, e alguns já os esquecera. Valem a pena!
A primeira metade do livro é mais literária, ou sobre a literatura, daí para a frente o livro vai sofrendo a alteração visível hoje no blogue. Eduardo escreve sobre tudo com saber, opinião e a sua visão. Podemos não concordar, mas teremos de ponderar sobre o ponto de vista.
Ontem, comprei a Sábado, a razão era suficiente, oferecia um livro de João Pereira Coutinho. Parece que vão oferecer mais... se forem todos tão bons quanto este.
JP Coutinho fez-me o mesmo que as crónicas de MEC há quase vinte anos, pensar, rir, quase chorar, sonhar (Hay-on-Wye) e deu-me vontade de ler mais...
João Pereira Coutinho escreve como poucos em Portugal, aprecio bastante os seus textos no
Expresso, pena que tenha de estar na mesma página que Daniel Oliveira, embora quando comparados com estes textos do livro Avenida Paulista percam. Razão? O tamanho. Do texto. Afinal o tamanho importa. Os textos de Avenida Paulista são mais longos, mas nem por isso dados a desvarios. São perfeitos, ou quase. Para mim, os do Expresso sabem a pouco, e por vezes, sabem tão a pouco que chateiam. Que me perdoe JPC. Com a oferta da Sábado tenho lido um pouco mais com prazer,pena que o livro já esteja a chegar ao fim, e que o Intriga em Família tenha ficado para trás, mas já só faltam 60 páginas...
Estes dois livros deram-me fome, fome de ler mais livros de crónicas...
publicado por wherewego às 14:37

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