Nos anos 80 e 90 a Igreja em Portugal começou a discutir o estilo musical das reuniões.
O "Rock in Igreja" de John Blanchard foi comprado e discutido até à exaustão, principalemente pelos jovens.
Pelo que conheço, e deixo de fora as igrejas pentecostais, parece-me que o medo não se concretizou. O Rock não ocupou espaço na Igreja, antes o pop. Pop porque fica no ouvido, porque se repete até à exaustão e porque é menos agressivo e visceral do que o pop.
Outra das questões abordadas na discussão de há 20 anos, era se o Rock era a melhor expressão para transmitir a adoração. Toda ela baseada no estilo e relegando para segundo plano a letra, que me parece a de maior importância. O estilo dos cânticos (não hinos) que se cantam é por demais homogéneo, por vezes parece-me que a única coisa que muda são as letras. Haverá diferenças musicais entre os discos da Lagoinha ou de Hillsongs, que não ao nível do que se canta?
Outro ponto presente é o de gueto. A produção evangélica contemporânea é interna e para consumo interno. O que se faz (literária, musical, cinematograficamente e outros) é para consumo da igreja e dificilmente irá, ou poderá, atingir os que estão fora. Ao contrário de outros crentes do passado (Handel, CS Lewis, etc).
Ora, a recente mediatização de Tiago Cavaco e Pontos Negros mostra uma alteração de paradigma. São músicos cristãos que fazem música que não se designa por cristã.
O que, por algumas conversas, parece incomodar algumas pessoas.
O que não deixa de ser interessante. Parece que ao fugir do gueto, sem fazer algo obrigatoriamente apologético, se está a cometer um pecado capital.
Ainda para mais quando há imagens biblicas nas músicas, mas não obrigatoriamente uma mensagem evangelística. Embora, em algumas (quiçá, mais em Guillul, haja uma cosmovisão que não será de todo mundana).
Será uma temática interessante a abordar no futuro. Até que forma os crentes se sentem ofendidos pela emergência de valores musicais saídos da Igreja, ou se o gueto vai começar a abrir-se para o mundo lá de fora.
PS: o JN na
análise que fez do Magnífico Material Inútil, coloca a questão:
meninos de igreja a fazer rock? Melhor ainda: meninos de igreja a fazer do melhor rock que tem aparecido por cá? Mas que rock é esse?
Questão que se coloca até mesmo dentro da igreja, penso eu.