Henning Mankell é o meu autor de eleição no romance policial. Já li muitos outros autores, e alguns foram importantes neste prazer pelo mistério, pelo crime (Conan Doyle, Ellroy, Raymond Chandler, Agatha Christie, Boris Akunin, Ashmett e outros...), mas o que me seduz em Mankell é a natureza "existencialista", problemática das personagens e do narrador. Os romances de Mankell são em certa medida proféticos, mas escalpelizadores, são mais do que um romance policial, mas nunca o deixam de ser, e caneco, são excelentes romances policiais.
Assim, quando posso vou pesquisando, em livrarias ou na net, por outros autores escandinavos.
O ano passado li O Último Ritual de Yrsa Sigurdardóttir, que detestei, e Never End de Ake Edwardson, que não achei nada de especial. Interessante, mas... um pouco aquém.
A semana passsada comprei Borkman´s Point, simplesmente porque o nome do senhor parecia-me prometedor, no que diz respeito à proveniência, Hakan Nesser. Confere, o senhor também é sueco.
Borkman´s Point apresenta-nos o Inspector Van Veeteren, na casa dos 50, que farto de estar de férias (porque não sabe o que fazer) aceita investigar dois assassínios, numa localidade perto da zona de férias. Dois homens foram mortos através do uso incorrecto de um machado, ou será do uso correcto, mas... Ok, esqueçam a piada. Dois homens que nada têm em comum, aparentemente. O caso transtorna a cidade, pequena e onde todos se conhecem, e onde o Inspector, e posteriormente o colega, são vistos como salvadores.
O romance está cheio de reviravoltas, de avanços e recuos na investigação, tem algumas surpresas e achei-o recompensador. Não é Mankell, o estilo não é o mesmo. Mas, as personagens são descritas, definidas, falta a concretização do país, mas os problemas estão lá, as diferenças entre diferentes franjas da sociedade estão lá.
Um autor que parece prometer menos tempos mortos entre um e outro romance de Mankell. Uma boa surpresa.
8/10