Não deve ser lido por quem quer ler o livro sem saber o final ou como dizem os americanos, Spoilers Ahead.
Como ia passar o fim de semana fora, aproveitei para antes de sair escrever algumas linhas sobre o último livro da saga do mágico mais conhecido do mundo.
Deixem-me misturar e renovar algumas ideias, já não tendo o cuidado de evitar as más e boas notícias.
O enredo já se vai tornando bem conhecido, depois de todo o segredi inicial.
Nesta última aventura, Harry tenta levar a cabo a tarefa que Dumbledore lhe deixou, procurar os 7 artefactos que possuem pedaços da alma de Voldemort, enquanto descobre e tenta descobrir também os Deathly Hallows, do título, três artefactos que permitem a quem os use derrotar a morte. O Ministério da Magia é tomado, mais ou menos secretamente, pelo Senhor do Mal. Snape é o novo director de Hogwarts. Harry é procurado por metade do mundo mágico. E a seca, perdão, segredo do quinto livro torna-se mais perceptível.
Antes de pensar no que acontece, deixem-me desabafar acerca do final. Penso que, apesar das 600 páginas, o final, e não tanto o livro em si, acaba por ser curto. Foram muitos anos com diversas personagens, e o final acaba por ser directo em relação a Harry Potter e aos seus amigos, o detino das outras personagens é relegado para segundo plano, o que a mim particularmente me desapontou um pouco. Depois do final da acçõ somos levados numa prolepse a ver o futuro de Harry, Ginny, Ron e Hermione. Econtram-se a deixar os seus filhos no comboio enquanto estes partem para o colégio. Demasiado "cheesy" para o meu gosto e a pensar mais no filme do que no estilo da obra.
Algo que me agradou neste colecção é o sentido de crescimento ao longo dela, não só das personagens mas também do leitores. A obra vai crescendo não só narrativamente, mas também tematicamente. Neste último livro temos as batalhas finais, o destino das personagens e a descoberta da natureza (e personalidade) de Snape, bem como do porquê real da morte de Dumbledore.
Lembro-me de o ano passado discutir com uma amiga se Potter morreria ou não. Ela, que sim, que não teria sentido continuar vivo, eu que não, que seria um pouco contra-natura. Fico satisfeito ao ver que ambos tínhamos razão. Leiam, que se torna mais simples.
A série foi-se tornando mais negra ao caminhar para o seu fim. Claro que há mortes, umas mais esperadas do que outras. Há o peso do amor, da abnegação, do sacrifício ao longo do livro. É, aliás, uma das temáticas mais usuais em toda a série. Potter cresceu, está menos adolescente (compare-se com a irritável natureza no 5º livro, e em parte mais dissimulada no 6º), não é que não passe por crises, mas são menos irritantes, o que não quer dizer que o 5º livro não seja verosímil, mas (eu pelo menos) não tinha paciência para tanta irritação.
The Deahtly Hollows é o culminar da adolescência de Potter, é o fim da sua missão, da sua luta pessoal. Sacrifícios são a rodos em virtude da vitória do bem. Há mortes mais ou menos naturais, no sentido de esperadas, mas há duas que me tomaram de surpresa. A primeira, foi a de Hedwig, confesso que não esperava, mas tem sentido. É das menos esperadas por Harry, penso que também pelos leitores, mas é a chave de que Potter crescerá, que Harry está a sair da adolescência. É quase tão dolorosa como a morte de Sirius ou de Dumbledore. É a perda, se havia ainda, de qualquer dúvida perante a característica final e mortal da batalha, mas é também a prova de que é o final de um ciclo.
A morte de Fred surpreendeu-me, não esperava que um dos gémeos morresse. Eles que tão bem personificam o humor, mesmo em momentos de grande tensão. Com a morte de Fred, o leitor que existe em mim, confirmou a não morte de Potter, mas que muita coisa mudaria daí em diante, daí que tenha sentido falta desse daí em diante no romance. Mais personagens encontram o seu fim, mas mais não digo.
Por outro lado, Rowling evitou um final demasiado fechado nas personagens. A batalha final era o final desejado e foi isso que ela nos deu. Tudo o resto é, quase, trabalho do leitor. Nas últimas páginas encontramos um Potter já adulto (36/7 anos), ao lado da enamorada de sempre. Não sabemos muito mais, mas o que sabemos mostra-nos que se reconciliou com Snape, reconhecendo o seu papel fulcral em toda a trama. Mas, a forma utilizada para o contar é para mim quase apócrifo, como escrevera no sábado, não se encaixa perfeitamente no estilo de toda a série.
Ainda assim, penso que foi um final adequado, mantendo o "hype" de uma série que surpreendeu o mundo.
O que nos trará no futuro JK Rowling? Só o futuro nos mostrará se não voltará a este mundo mágico.
9/10