Hostel é um murro no estomâgo, ainda que eu estivesse à espera que o mesmo me fosse arrancado.
Disseram-me que o filme era ultra brutal, violento e nos levava ao gregório. Felizmente, não é tanto pelo aspecto visual, que é excelente, mas pela narrativa psicológica. Hostel coloca-nos também perante a questão do valor da vida, e da monotonia da vida actual, de como facilmente nos cansamos de levar a vida que levamos.
Hostel mostra, de maneira demasiado fantasiosa, segundo o Governo e o Ministério do Turismo eslovacos, a pobreza e miséria eslovacas. Mostra a natureza humana no seu mais profundo abismo. E apresenta como um dos aspectos humanos a tortura e desrespeito da vida humana.
O filme conta a história de dois jovens americanos, Paxton e Josh, que com um islandês, Oli, viajam pela Europa à procura de sexo, drogas e outro tipo de prazeres.
Na Holanda contam-lhes de um albergue, na Eslováquia, onde podem ter as raparigas que quiserem, e seguindo os prazeres da carne iniciam viagem.
Aí fazem amizade com Natalya e Svetlana, companheiras de quarto. Mas o que inicialmente parece o 7º céu, depressa se torna num inferno, com o desaparecimento de Oli, e depois de Josh.
Paxton não desiste e procura os seus amigos...o resto só vendo o filme.
A dicotomia do prazer, sexo e tortura/violência é interessante, e o filme começa quase como um road-movie movimentado com luxúria. Rapidamente, no entanto, a máscara de prazer sexual se transforma em violência e estupidez humana. A busca por algo que nos preencha atinge o seu climax neste filme, e mostra quão fundo podemos cair.
Em cima disse que o filme, ainda que violento, não me pareceu tanto como mo tinham pintado, o que não quer dizer que seja para todos os estomagos. Mas, comparando com Saw I e II, parece-me que este tem o condão de sugerir mais do que mostra, ainda que mostre muita coisa, tornando-se, no conjunto, mais interessante que os filmes mencionados.
A sequela já vem a caminho e começa imediatamente a seguir ao final do primeiro, e pode ser interessante a mudança de sexo das personagens, no novo filme as personagens principais serão raparigas e não homens. Uma mudança de paradigma poderá trazer novas revelações acerca das questões do prazer.