Vender uma imagem de guerra como arte é obsceno, a reportagem de P2, suplemento do Público de hoje - 6ª Feira, 30 de Março - é extremamente interessante, e mais ainda porque vai de encontro a um dos livros que ando a ler. O Pinto de Batalhas de Pérez-Reverte.
No livro, Reverte conta a história de um fotógrafo de guerra que é abordado por um ex-soldado que fotografou anos antes. Se essa fotografia deu fama e prestígio ao fotógrafo, e é encarada como arte, transformou a vida do ex-soldado, que foi preso e torturado pelo outro lado do conflito, que viu a sua família perecer por causa dessa mesma foto.
Trata-se de um livro pesado, que pensa a questão da guerra, da arte da guerra, pinturas e fotografias, e a forma como nós a encaramos hoje. Trata também do imaginário bélico, e dos soldados e guerrilheiros fotografados ou pintados.
Para Jean-François Leroy, entrevistado na reportagem do Público, uma boa fotografia é "aquela em que estou a ver pessoas na imagem, e não estou a pensar no talento do fotógrafo.Se começo a pensar ´meu deus, que fotógrafo tão talentoso´, isso é mau.
Leroy fala da morte do fotojornalismo, e diz que não quer viver num mundo, já vive, em que o casamento de duas estrelas de Hollywood é mais importante que "a guerra no Iraque ou a fome no Darfur".
Um livro e uma entrevista a ler.