Mais um bilhete para uma ante-estreia. E lá fui eu, ao São Jorge (há séculos que não ia lá), ver Lions for Lambs ou, no vernáculo nacional, Peões em Jogo.
O mais recente filme de Robert Redford trata da Guerra, no Iraque, no Afeganistão, da Guerra dos políticos, dos soldados, dos jornalistas, do que é e da forma como a vemos, cada um no seu cantinho.
O filme é contado em tempo real, e a partir de 3 histórias diferentes.
Seguimos dois soldados, Arian e Ernest, na mais recente tentativa de vencer a guerra no Afeganistão.
Assistimos a uma entrevista entre a jornalista de televisão Janine Roth (Meryl Streep) e o Senador Republicano Jasper Irving (Tom Cruise). Irving convidou-a para anunciar a nova estratégia de guerra no Afeganistão.
Por fim, viajamos até à Califórnia, a uma Universidade, onde vemos um Professor, Dr. Malley, tentar convencer um aluno, Todd Hayes (
Andrew Garfield), a vencer na vida, utilizando as suas capacidades. Malley fá-lo falando de dois antigos alunos que se alistaram, Ernest e Arian.
O título do filme, o original, deriva de uma cena em que Dr. Malley cita um General Alemão da 2ª Guerra Mundial. Este teria dito que os soldados ingleses eram leões liderados por cordeiros.
Os ingleses de hoje têm caído em cima do filme porque aparentemente o adágio teria sido "lions led by donkeys". Segundo o The Times, o mais provável é a citação do filme se basear não só em algumas frases escritas e ditas por oficiais alemães na 2ª Guerra Mundial, mas também numa frase de Alexandre, o Grande "Não tenho medo de um exército de Leões liderados por um Cordeiro, temo mais um exército de Cordeiros liderados por um leão".
Qualquer que seja a origem, a mensagem do filme é realmente que quem lidera os conflitos armados são na sua generalidade Cordeiros, e que os soldados no campo de batalha são os verdadeiros Leões.
É esta uma das principais mensagens do filme, para além de ser um retarto amargo da situação americana no Afeganistão, das decisões feitas, do papel do jornalismo na opinião pública e no resultado final dos conflitos.
A principal crítica feita a Lions for Lambs foi de que era demasiado palavroso e nada acontecia. Há acontecimentos, há alguma acção (tiros, mortes, etc), o problema é que é um filme de tese. E a tese, como toda a gente sabe, tende para a verborreia, e aqui não é excepção.
Na minha opinião será um filme interessante para ver em casa ou até para discutir com os amigos, mas sempre com a possibilidade de o poder parar e discutir sobre determinado discurso.
Tem a seu favor que é relativamente curto (88 minutos), mas poderá cansar alguns dos espectadores, mesmo assim.
Eu não desgostei, embora a mensagem não seja nova. É uma homenagem ao papel e poder da palavra, e uma crítica feroz à forma como a Guerra é, hoje nos EUA, feita, declarada e transmitida pelos jornalistas e políticos.
No final a mensagem é uma, a do título. Os Leões estão a ser liderados por Cordeiros.
6/10