03.03.10
Depois de ver o segundo Sinais de Fogo, fiquei com algumas dúvidas.

Tudo o que não faz sentido a Sousa Tavares é mentira? Os crimes têm de ser lógicos? A realidade tem de ser lógica?

Sousa Tavares só ataca quem não respeita ou não admira? Gostava de ter visto aquela "acutilância"/ agressividade a semana passada.

Para quê convidar alguém para uma entrevista, se o objectivo é que a pessoa ouça a voz de Miguel Sousa Tavares? A primeira parte do programa é ridícula. Sousa Tavares cansou-se de comentar o que queriam que ele comentasse, agora comenta o que ele quer - as peças são tão fraquinhas!!!

Espero que depois dos Sinais, o programa arda por completo, por este andar, não deve demorar muito.
publicado por wherewego às 14:33

08.07.09
Fui de manhã até à Bertrand à coca de dois livros, este No Teu Deserto de Miguel Sousa Tavares e o último de Stieg Larsson (literal e duplamente o último).
Lembro-me que os primeiros textos que li de Miguel Sousa Tavares foram as crónicas de Um Nómada no Óasis, crónicas sobre os anos do cavaquismo. O Nómada seria ele, mostrando uma das suas facetas mais conhecidas hoje, a de polemista e crítico.
Mas fiquei fascinado com a prosa de Sousa Tavares (MST) em dois ou três números da GR, lembro-me vivamente de três crónicas, uma sobre a Amazónia, outra sobre as praias de dunas brasileiras e outra sobre o deserto. Sousa Tavares foi, durante muito tempo, sinónimo de crónicas de viagens, daí o prazer que tenho em, de vez em quando, reler uma ou outra crónica de Sul.
Fui dos que leu e gostou de Equador, mas ficou desiludido com Rio das Flores. Daí que tivesse ficado num misto de emoções ao ler uma das entrevistas numa das revistas semanais, que entre outros assuntos versava sobre este No Teu Deserto.
No Teu Deserto é um livro curto, um quase romance, como se pode ler na capa, livro pessoal, (parece-me) de homenagem a alguém e de "desculpa" pelos desencontros naturais da vida.
Comprei o quase romance pela lembrança da reportagem no deserto. Daquilo que me prendera na altura, há algo ali, as descrições, mas em pouca quantidade e profundidade. O objectivo do livro é outro, ainda que a linguagem utilizada esteja mais próxima das reportagens do que dos romances que lhe grangearam fama do escritor que mais vende em Portugal.
No Teu Deserto conta a história de uma viagem, mas mais do que isso conta a história de um encontro e das memórias desse encontro, da importância que esse encontro (entre duas pessoas) tem no futuro de cada uma delas, ou melhor, da importância que a distância entre essas duas pessoas tem nas memórias que cada um guarda (e do peso) do que foi vivido nessa viagem.
"Mas é verdade que havia uma coisa que, essa sim, era genuína: tínhamos uma possibilidade real de nos perdermos na travessia, de ficarmos dias e dias a fio, como nos aconteceu de facto, sem cruzar vivalma - homem, veículo ou animal. Ou seja, o deserto então era verdadeiramente deserto, travessia e descoberta." (Pág. 24)
Mais do que a travessia no deserto, o livro é atravessado pela relação entre Cláudia e o narrador (MST). Há momentos em que parece que se perdem, mas sabem onde estão, atravessam juntos a imensidão de areia, óleo e pedras, descobrem-se um ao outro, mas será depois do deserto que a vida, os interesses, o tempo, os fará perderem-se quase um do outro.
"- Escrever não é falar.
- Não? Qual é a diferença?
- É exactamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer." (Pág. 100)
Fala-se demais, mas também de menos. Por vezes, sentimo-nos impotentes perante o tempo, o contexto, as situações. Este livro terá o objectivo de desnudar o que ficou por dizer, de homenagear a amizade perdida.
O deserto já não será o físico, mas o da falta de alguém. O deserto dela, o que ela deixou.
publicado por wherewego às 14:02

16.11.07

Cheguei ao fim do novo "tijolo" de Miguel Sousa Tavares.

E fiquei indeciso quanto à opinião pessoal.

Gostei de Equador. Diverti-me a ler, aprendi algumas coisas, reconheço em MST a capacidade de contar uma história, achei o final apropriado, mas o tipo de personagens e amores/paixões pareceram-me mais achegadas para o lado comercial, em suma, demasiado trágico, ou demasiado bacoco. Mas, gostei. Deve ser o meu lado pimba, de certeza.



E chego a este Rio das Flores. É um romance demasiado grande, na minha opinião. Há o cuidado de explicar e contextualizar tudo, mas, por vezes, poderia ter havido uns cortes aqui e acolá.

A história é centrada no Alentejo, e confesso que foi essa centralidade que me foi agarrando. As passagens sobre o zeppelin, e a vida cultural e política no Brasil dos anos 20-40 nada me disseram. Estava pouco interessado. O estado político do Brasil de então é-me desconhecido e o desinteresse grassa por estes lados. A visão do Estado Novo é interessante e alargada, mas demasiado completa, mas ainda se aceita.


Ainda assim penso que as personagens deste livro são mais portuguesas do que no livro anterior. Há uma maneira de ser português que revemos claramente neste livro, o modo de ser, de pensar (mesmo quando falamos de dicotomias), a melancolia e o desejo de partir.

Há as iguais cenas de sexo que havia em Equador, umas mais lógicas do que outras, há o amor à terra, e a descrição da vida alentejana. Pese o paradoxo o final é mais lógico, mais coerente, mas para mim menos prazeiroso, o lado trágico e "bacoco" ficou com sede de algo mais. É um final que não acaba na morte, mas no "sucesso" das escolhas.

Com menos 200 ou 300 páginas seria bem melhor que Equador, todo lido fico com a noção de escrita a metro ou ao quilo (que vai dar no mesmo).

Aconselhado aos que gostaram do primeiro, mas muito diferente desse.
publicado por wherewego às 10:30

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