A Igreja do Séc. XXI (pelo menos a evangélica) prefere pregações curtas. Seguindo as pisadas de algumas ciências teimam que ao final de 30 minutos as pessoas desligam, emburram e já não querem saber do que o homem (pregador é sempre homem:p) está a dizer.
A mim faz-me confusão, menos quando sou eu que estou no púlpito, que se tenha tão pouca capacidade de apreensão e atenção. Mas compreendo. Também sou fruto desta era.
Pregava há umas semanas e dizia que a comunidade deve olhar menos para o pregador ("é bom", "é mau", "é chato", "perde-se", "alonga-se", "muita diarreia verbal", "este é bom", "este outra vez?", etc...) e mais para a Palavra. Seguindo a lógica da teologia sistemática acreditamos que de algum modo quem prega tem a ajuda e auxílio do Espírito Santo. Daí que teria mais sentido olhar mais para o conteúdo do que para o apresentador, mesmo quando o tipo é chato, assim como eu (voz monocórdica, tendância para não modular muito a voz).
Ainda bem que não estamos completamente sós.
Ao ouvir durante duas semanas um pregador convidado a pregar sempre cerca de uma hora por reunião lembrei-me de Paulo.
Nunca preguei acima dos 40 minutos. A isto chama-se amor...
Mas lembro-me de Actos e de Paulo pregar tanto que um jovem adormeceu, caiu e morreu. Talvez por isso as igrejas sejam quase sempre em edifícios baixos, e se tenha optado por cadeiras e bancos, evitando que as pessoas se sentem em janelas ou em outros locais altos!
Já tendo estado do outro lado, já vi olhos com dificuldades em se manterem abertos (também já sofri do mesmo, e muitas vezes a culpa não é do pregador, é minha), mas nunca ninguém caiu e/ou morreu durante um estudo meu.
Providência, já que Deus sabe que eu não sou nenhum Paulo... nem a pregar, nem com o dom de ressuscitar o irmão cansado.
Ouvir é das actividades menos laboriosas que existem, e mesmo assim... temos dificuldade. Mais um sinal da nossa fraqueza e da necessidade diária de santificação (actividade dupla. Deus santifica-nos, mas também devemos buscar a nossa própria santificação).
E não se esqueçam do resto da passagem, Paulo chegou-se ao corpo do moço, disse que estava a dormir e "acordou-o". E depois continuou a pregar até de madrugada. Talvez seja isso que falta, mais Palavra!
Irónico, uh?