12.10.07
Há um dito que reza mais ou menos assim, quando um cast de uma série de televisão é quebrado a própria série quebra-se.
Nem sempre é verdade, mas... é mais verdadeiro do que falso.
Uma das minhas séries favoritas, a britânica Spooks, tem tido um cast relativamente móvel. Os actores têm saído por diversas razões (experimentar novos voos no cinema, essencialmente) e os argumentistas têm feito maravilhas com esta dificuldade extra. O que fazer com uma personagem quando o actor abandona a série? Os argumentistas de Spooks têm-se divertido a chocar os fãs e a aumentar a qualidade da série. Mortes, abandonos do MI5, desertação e mais mortes tem sido o ingrediente para motivar quem assiste a série. Com sucesso, diga-se.
Este ano, há, para os fãs de Grey´s Anatomy, a luta contra o estigma do cast destruído. Addison saiu para a sua série, o que desiludiu os seus fãs, a ver se Private Practice tem o sucesso desejado ou se haverá um "boicote" de modo a que a personagem volte ao Hospital de Seattle. O actor que encarnava Burke (Isaiah Washington) foi demitido ou o contrato não foi renovado (vai dar ao mesmo) e a série pode tremer sem esta personagem. Nos dois primeiros episódios Burke tem (sem estar) muito presente e os argumentistas tentam evitar que a sua sombra paire durante muito tempo sobre a série.
Como laconicamente escrevi, uma das personagens mais queridas de Prison Break conheceu o criador ao perder a cabeça, mais uma vez a situação foi desencadeada pela não renovação do contrato, já que os argumentistas não previam a presença da personagem em toda a época e pelo actor/actriz só querer renovar por uma época inteira, outras questões se levantaram, mas não quero deixar muitas pistas.
As saídas (nomeadamente de um actor) de uma série implicarão muito nas audiências seguintes. Com a saída em cena de uma personagem pode-se estar a perder alguns (milhares, no caso americano, de) espectadores, mas pode-se também ganhar outros.
No caso de Spooks a forma como reagiram à saída de alguns actores, numa fase de sucesso crítico e de espectadores) só serviu para cimentar ainda mais a fama e qualidade da série.
No que diz respeito a Grey´s Anatomy e Prison Break ainda é cedo para saber o que vai acontecer.
Mas as audiências de Prison Break já começaram a descer e algo me diz que descerão um pouco mais antes de subirem novamente.
publicado por wherewego às 12:20

30.04.07
No último mês têm sido muitas as peças jornalísticas sobre séries televisivas.
Entre semanários e diários lembro-me de três reportagens sobre o fenómeno de vendas de séries, sobre as séries televisivas de Culto e sobre a diferença e parecença, e a qualidade entre séries televisivas e cinema.

Ora, este fenómeno é extremamente interessante. A televisão americana é por definição, mais do que a nossa, um mercado. O que não dá dinheiro é posto de parte. Isto acontece com as séries.
Algumas das séries que comecei a ver este ano, e de que estava a gostar, foram canceladas abruptamente.

Ainda este fim de semana comecei a ver uma série chamada Drive, que era uma mistura entre Prison Break e corrida de carros, foi cancelada ao 4º episódio; Kidnapped terminou ao 13º, mas ainda deu tempo para terminar as arc-stories; Vanished terminou, salvo erro, pelo 13º as well, mas só o destino da mulher do político foi conhecido, todas as outras tramas ficaram em aberto; The Nine ficou em águas de bacalhau e mais uma ou duas ficaram na mesma situação.

O meu tão amado Studio 60 foi congelado, depois aparentemente cancelado e agora diz-se que voltará, pelo menos para terminar a primeira época, no fim de Maio.

As fracas audiências são a principal, única, razão para o fim antes de tempo de todas estas, e outras, séries.
Porque é que uma série tem pouca audiência?
O que mantém uma série no ar?
Há variados factores em causa.

Um, é obviamente a série não chamar a atenção dos telespectadores. Mas nem sempre é tão preto no branco! Porquê? Já lá vamos.

Dois, a série, ainda que tenha qualidade, luta contra outras que já começaram há pelo menos uma época, e que podem ter, maior ou menor, uma audiência fixa. Studio 60 começou por lutar contra Anatomia de Grey, até que decidiram trocar o dia. Nos EUA, o mercado de séries de televisão é um campeonato, e por vezes aposta-se forte numa série, sem ter em conta que a estão a lançar contra os crocodilos. Não haverá muita gente disposta a dar uma hipótese a uma série nova quando se tem de optar entre esta e 24, Anatomia de Grey, House, etc.

Três, o Tivo e o PP. O que dá dinheiro a uma estação é o número de pessoas que vêem determinada série no momento em que ela está a dar. Mas, o facto é que a nossa realidade é virtual. Na necessidade de se escolher entre duas ou três séries, o telespectador comum opta pelas três! Vê uma, e grava ou saca as outras duas. Foi o que Aaron Sorkin disse, já que a audiência de Studio 60 é um pouco maior em virtude das pessoas que gravam o programa com o TIVO.

Quatro, aparentemente o crescimento do mercado de DVDs ainda não está equacionado no que diz respeito a estas novas séries. Se é verdade que muitas delas rendem milhões depois de editadas em DVD, não haverá muitos a comprar uma série incompleta e sem um final concreto. Poderá haver retorno concreto neste mercado se se decidir editar a série completa? Possivelmente. Financeiramente é lógico terminar uma série sem saber quem a irá comprar, tendo em conta que não passou na televisão ou que foi ofuscada na mesma? Não saberei dizer. As experiências de vários canais de televisão que têm cancelado determinada série e colocado à disposição na internet os restantes, sem ocupar espaço televisivo, poderão ajudar a definir a resposta.

Quinto, o horário. Quanto mais próxima do prime-time mais cara e maiores dividendos tirará uma série. 24 nunca poderia passar num horário da tarde, só em Portugal. As séries de maior sucesso em Portugal, tanto na televisão como no mercado de DVDS, passam em horário nobre na televisão americana, cá passam durante as tardes de fim de semana ou de madrugada, se tivermos com excepção os canais Fox e AXN.

Concluindo, o que faz de uma série uma série de culto?
Eu diria que um golpe de asa. Se os críticos podem ser unânimes, nem sempre são o factor concreto e decisivo. As audiências decidem, mas também a tecnologia, os já citados PP e TIVO.
Prison Break pode ser um caso de sorte e planeamento. A FOX decidiu dar umas semanas de descanso a 24, e colocou Prison Break (PB) no seu horário, a meio da temporada televisiva. Os espectadores de 24, alguns inaptos para apreender outra série a meio, iniciaram o visionamento de PB e ficaram agarrados ao sofá, quando 24 regressou, a FOX colocou PB imediatamente antes e ganhou não uma hora de audiências, mas duas.

Se aqui o descanso de uma série, por razões de produção e não só - a duração da temporada televisiva em termos de semanas, resultou em vários dividendos, a decisão de congelar Lost entre Novembro e Fevereiro trouxe amargos de boca à ABC. A série que tomou o mundo de supresa perdeu muito do seu ímpeto na 2ª época. Na 3ª parecia voltar aos bons velhos tempos, mas a decisão de emitir 6 episódios e esperar quase três longos meses até novos episódios afastou muitos dos fãs, já um pouco fartos de tanta indecisão e mistério.
Poderia continuar, e mostrar algumas decisões que têm sido feitas para manter uma ou outra série com sucesso, ou tentar limá-la aos olhos do público, mas ficamos por aqui, pelo menos por agora.
publicado por wherewego às 12:11

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